Vinte cinco células do meu espólio corporal
Sofrem lise sempre que acontece assistir ao crepúsculo
da tua permanência,
o que equivale metaforicamente a explicar-te que
morro obstinada
em todos os momentos da tua alheação.
Vinte e cinco, exactamente vinte e cinco, sem qualquer
género de discriminação,
aleatório,
embora registe uma
apoptose crescente
na musculatura cardíaca;
São milésimos da minha configuração carnal,
subtraídos sem qualquer parcimónia.
Pouco a pouco, eclipsar-me-ei,
de tanto me levares contigo.
Fabuloso, senhoras e senhores, uma vez mais
iludindo-vos em palavras trajadas de ofuscantes lantejoulas,
Ah! O assombro piedoso!
(Pode ser que assim nem perceba, que agora me confesso)
Não figura no meu ordinário, deter-me nestas oratórias
impressionáveis, são féretros de palavras que expurgo
jazem em pilhas torpes nos salões do desvanecer gutural
abafadas por não se sentirem sonoras.
(Um pouco da água da tua afabilidade , se faz favor, estou a ficar com a garganta seca.)
Agora, prolongo-me na ébriedade da tua reminescência
nos modestos tronos dos laços terrenos, meu caro, é bastante insistente.
Pois, confesso-me, sob juramento e por todos os terços cristalinos
de religiosos domingos bafientos:
(E ainda assim, as minhas preces para que não te pareça que me confesso)
Não tenho certeza se estimo figurar
como um arlequim de imaginários desbotados
Não tenho certeza se suporto dispensar as candeias
de vigília
Não tenho certeza se posso custear os rodopios desmedidos
de uma valsa esquecida.
Não tenho certezas. Algumas.
De estar apta a expirar candura,
Não tenho certeza de como iniciar negligência
contra as tuas vocalizações
Não tenho certeza de abater este tumor,
Demitiste-me grávida de júbilos tardios e afeições desporporcionadas
e tudo quanto possa colorir arestas existenciais,
insisto, não tenho certeza de carregar tanta leveza
Sinto que me desafias os pilares essenciais, ao longe
Cerro os olhos e estremeço
Qual deles irás estralhaçar primeiro?
(Devagar, por favor, já não é a primeira vez.)