Se eu não percorresse a tua mente numa busca contínua Procurando-me a mim Se o teu olhar não fosse o meu Aquele que já não sei De tantas maneiras te olhei Outras mil insultei Se eu não vasculhasse emoções Monções, desilusões A devolução do momento seria desastrosa Mas, seria séria não seria enganosa Engano-me a mim no tacto Escondo-me de ti sem espalhafato
O dia seria melhor Se virasse costas ao facto E num acto tresloucado me revirasse por dentro Estou presa numa caverna húmida e suja Por vezes as lágrimas incitam ao asseio Mas o devaneio fala mais alto Incita-me a subir o planalto onde subornando
A escrita se decompõe no fundo da alma Num tempo ido busquei a calma Hoje busco desilusão, agora sei Desilusão no toque da minha mão
Por tudo isso não me olhes Não acredites em poetas que não creiam A sua alma é lavada por cinzas E as suas mãos estão gretadas pelo papel amarelecido Onde despojam desilusões, tantas vezes sem sentido
Por tudo isto não me queiras Não queiras o que não entendes Os poetas são mercadoria contrafeita A sua raça está desfeita Porque as palavras que gritam não são deles São de um povo que lhes chama seus
Doidos, os poetas jamais serão seus São filhos das pedras, são camafeus A sua sina será a ruína Deitando por terra valores caducos Elevando ao alto os pés gretados de um pobre eunuco
Por tudo isto não me olhes Porque os poetas gritam a castração do mundo E tu, tu vives suspenso e mudo.
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´ Julia_Soares u...