Ás vezes, e por meras vezes
O poema vem do nada
Surge-nos como uma fada
Lançada apenas para passar o tempo
Vemos do nada algo interessante
Escrevemos que o nada que tudo é nos impressiona
Porém as palavras simplesmente aparecem, do nada
Que tudo faz e a nossa inspiração não abandona
Se o nada fosse um poema
Seria o poema de alguém que não sabe escrever
Pois escrever do nada não tem tema
Escreve-se apenas por prazer
Escrevo hoje do nada que tudo é
Sem ter medo que o nada apareça
Se for um peixe, é bom até
Nadando por entre a água presa
Nada que se fez nada em tudo
Ser que se fez de si algo mais
De um nada, sem conteúdo
Fazem-se versos magistrais
Apaixonei-me hoje pelo nada
Vem tudo á minha cabeça
Não me lembro hoje de tema
Escrevo do nada que é água presa
O poeta é o nada que é tudo
Do nada faz grande magia
Consegue ir buscar toda a “porcaria”
Para fazer do nada algo não mudo
Flávio Miguel Pereira, poeta