Que os deuses não durmam
Enquanto velo insónias minhas,
Eu que as recebo em mim
Como oferendas da lua negra.
Sereno, e despido de ilusão,
Observo o demorado tédio do Olimpo,
Que aos meus sobressaltos e tormentas,
Apenas sabe responder
Com longo e indiferente bocejar.
Ausente fico, dos Deuses e dos Homens!
E parto em demanda de outras noites,
De outros dias,
Buscando novos sóis e luas cheias!
Tomado por galope desenfreado,
Como se fora cavalo doido,
Possuído por toda a insanidade do mundo.
Quebrado, esmagado, esventrado,
Em sangue.
Exangue!
E tombo no deserto, com aromas
De oásis ali tão perto,
Corpo inerte na cálida areia,
A loucura numa mão, e na outra
A ausência da razão!
Dionísio Dinis