Poemas : 

Sem título(17)

 
Que os deuses não durmam

Enquanto velo insónias minhas,

Eu que as recebo em mim

Como oferendas da lua negra.

Sereno, e despido de ilusão,

Observo o demorado tédio do Olimpo,

Que aos meus sobressaltos e tormentas,

Apenas sabe responder

Com longo e indiferente bocejar.

Ausente fico, dos Deuses e dos Homens!

E parto em demanda de outras noites,

De outros dias,

Buscando novos sóis e luas cheias!

Tomado por galope desenfreado,

Como se fora cavalo doido,

Possuído por toda a insanidade do mundo.

Quebrado, esmagado, esventrado,

Em sangue.

Exangue!

E tombo no deserto, com aromas

De oásis ali tão perto,

Corpo inerte na cálida areia,

A loucura numa mão, e na outra

A ausência da razão!


Dionísio Dinis

 
Autor
Dionísio Dinis
 
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