Hoje acordei tarde, depois dos afazeres da casa (não que eu tenha algum talento pra coisa, nunca tive. Odeio qualquer serviço do lar!) fui à Capela para continuar a restauração de uma mesa de Credencia – onde são colocadas as partículas, pão e vinho, antes e após a consagração; Voltei, era hora de almoço e após o alimento, assisti ao filme As Relíquias da morte – 1ª parte, claro. Às 4 h ainda consegui dar uma aula particular de Matemática.
Contudo, o que mais me chateou nesse dia enfadonho, fora a restauração – única coisa que salvou o dia - foi ir a um aniversário e dar o azar de sentar junto a professoras, isso já deve ter acontecido contigo, o assunto sempre é: sala de aula, prefeitura, estado, salário, etc., etc. Ah! Ainda tem assunto filhos. Que coisa chata! Quando o filho não é o melhor, ele é imaturo, sem responsabilidade e blábláblá... Querem que os filhos sejam e cumpram coisas que muito provavelmente não o fizeram quando jovens. Cobranças de uma época passada... Nunca torci tanto para os tradicionais parabéns... Vou comer o seu bolo... E sair rapidinho de lá.
Bem, vamos a mais um pequeno pedaço dos fragmentos passados:
“Quando criança, era uma menina muito ativa, confesso que ainda sou, mas não gostava de brincadeiras de menina. Na rua em que morava, tinha quatro primos e junto com o meu irmão, formávamos uma pequena “gangue”. Ninguém tinha paz na vizinhança.
A rua não era asfaltada e os quintais gozavam de inúmeras árvores frutíferas e, claro, um verdadeiro convite ao desfrute. Não preciso dizer o como reagíamos àquelas tentações...
Vivia sem blusa, com um short, e como os meninos, sempre que aprontávamos alguma travessura, arriava as calças, do mesmo jeito, bem, só que não tinha um pênis pra mostrar pra ninguém – as velhinhas da rua me chamavam de perdida, minha mãe vivia me pondo de castigo, sempre dava um jeito de escapar, afinal, ela trabalhava e não podia por os olhos em mim às 24 horas do dia.
Se por um lado a fama de moleque me fazia popular com os garotos da rua (isso iria mudar – assim que cresceram os seios), no colégio, a fragilidade atraía de outra maneira. Tinha um “tio”, que adorava me pôr em seu colo. Pedofilia sempre existiu só que na época da ditadura (não sou tão ‘madura’ assim, mais vivi uns poucos anos da ditadura, embora não entendesse da política da época) o pedófilo tinha muito medo, porque ou desaparecia ou aparecia no Pinel e até mesmo no Juliano Moreira. Doentes? Talvez. Burros não.
Ele dizia que eu tinha um cheiro de mulher, com corpo de menina. Engraçado que dependendo da época e do que te falam, ou as coisas não fazem sentido, ou você nem dá importância; lembro que nada respondia, éramos criados a não desrespeitar os mais velhos e nem retrucar, por isso, aquilo pra mim não dizia nada.
Tinha uma sala do castigo, nunca estive por lá... Mas o “tio” dizia que se eu fosse para lá, não precisava ficar com medo, pois não tinha nenhum boi da cara-preta. Será?
De qualquer maneira, não fiquei neste colégio por muito tempo, logo ele veio a falir. Naquela época, as melhores escolas eram as públicas, ao contrário de hoje, as escolas particulares davam até 70% de desconto aos alunos. Que coisa não?
Então fui estudar em outra escola, a vida continuou, mas, as coisas mudaram..."
Até amanhã menino...