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Cisnes brancos (Alphonsus de Guimaraes)

 
Cisnes brancos, cisnes brancos,

Porque viestes, se era tão tarde?

O sol não beija mais os flancos

Da montanha onde morre a tarde.


O cisnes brancos, dolorida

Minh’alma sente dores novas.

Cheguei à terra prometida:

É um deserto cheio de covas.


Voai para outras risonhas plagas,

Cisnes brancos! Sede felizes...

Deixai-me só com as minhas chagas,

E só com as minhas cicatrizes.


Venham as aves agoireiras,

De risada que esfria os ossos...

Minh’alma, cheia de caveiras,

Está branca de padre-nossos.


Queimando a carne como brasas,

Venham as tentações daninhas,

Que eu lhes porei, bem sob as asas,

A alma cheia de ladainhas.


Oh cisnes brancos, cisnes brancos,

Doce afago de alva plumagem!

Minh’alma morre aos solavancos


Alphonsus de Guimarães.
 
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AjAraujo
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