Às vezes, os pensamentos criam-me ondas revoltas;
inquieto-me, e mal dou conta de me expressar.
Cerro os olhos... e as palavras não vêm à tona.
Percebo que desejo dizer algo mais substancial,
algo que fosse mais sangue, e também
mais carne que a carne dorida do amor.
Assim, só posso deixar no ar perguntas
cujas respostas eu e o mundo
[e o que me importa o mundo...]
estamos fartos de saber:
o que é que pode encharcar de mágoas a noite,
senão as lágrimas misturadas à chuva fina, lenta?
Fazer uma pergunta assim, ao léu, nada me custa:
tu e eu sabemos muito bem o que nos corta em tiras...
o que devora lentamente a carne do amor!
[Penas do Desterro, 13 de julho de 2011]