A saudade é a distância, não os metros, os quilometros.
Porque distância não são os metros nem o que quão longe está, mas sim o quanto inalcansável é.
É o caminho entre um olhar, entre o toque de duas mãos, entre as lágrimas que não se conhecessem umas às outras, entre os pensamentos.
A saudade é a distância, é a ausência.
A ausência das palavras, dos carinhos, dos risos, dos momentos singulares e até dos gritos, porque ao menos eles ainda dizem alguma coisa. Não é como este silêncio que tomou o lugar das palavras, que construíu esta ponte que o orgulho não deixa quebrar. E dói.
Dói ouvir este silêncio e os sussuros do relógio que leva o tempo sabendo que ele não volta e quando se for, irás com ele.
O amor permanece e é ele que torna esta saudade tão dura, tão real.
Secalhar quando fores, quando o tempo te levar, o amor permanecerá, não aumentará, mas ficará mais pesado no peito ao olhar em redor e não te ver.
Secalhar o tempo não se contentará em levar-te apenas e, para além disso, unir-se-á com a ausência e irá desvanecer o amor.
Para onde vais? Para onde é o que o tempo te levará?
- Não para o esquecimento, com certeza.
Não te quero apenas aqui, quero-te em nós. Quero que me tragas os momentos que roubámos a nós mesmos, traz-me de novo as palavras que o orgulho censurou.
Sinto-te longe e, no entanto, estás ali, tão perto de mim.
Sinto a tua falta.
Por vezes sorrio em frente para te mostrar que não és assim tão relevante, que o sol ainda me sorri.
Outras, no escuro que escondi iludindo-te com o dito sol sorridente, sentada sozinha com a saudade, a mágoa e a solidão, desejo que olhes nos meus olhos e que conhecessas as minhas lágrimas.
Mas, em vez disso, deixo-me ficar por estas palavras que nunca irás ler e deixo que o orgulho egoísta vença, torturando-me a mim mesma com os «tick-tack's» do relógio e acenando ao tempo, acenando-te a ti.
Adeus, meus amor;
Encontramo-nos nos meus sonhos.