Fui acometido da dor mais pungente
E adocicada dos mortais.
Fui ludibriado pelos meus sentidos
E enquadrado na pequena porção de matéria
Que te completa.
Manipulado pelo meu desejo dramaturgo,
Que insiste em fantasiar
A verdade fria do meu mundo,
Pintei seu rosto e seu perfume
Nas paredes de mármore do meu palácio.
Enlouquecido de desejo
Arranhei as paredes com teu rosto,
E via você impregnada na minha pele.
Embriagado de doçura
Pranteava pela sentença
De ter apenas a sua imagem.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros