MEDITAÇÃO
A nossa alma está,
Sobremaneira saturada
Do escárnio dos
Arrogantes
Salmo 123, 4
NÃO SABENDO FAZER KONTAS
Um cargueiro com pavilhão desconhecido aproxima-se do porto atraindo a atenção geral
internacional
intencional
imoral
torrencial
Os estivadores descarregam
Sob o luar
Uma traineira sai para o mar
E há um gigantesco aquário
Que não preenche o imaginário
santuário
mariscada
mareada
encarnada
aluada
entalada
O perito não periga
nem fuma
espuma
verruma
caruma
atum
nenhum
A tabuada, rever a tabuada
porrada
marmelada
encavacada
cangalhada
lixada
Veloz corre a centopeia
areia
a sereia
esperneia
& a imperial
infernal
animal
& o vento
sedento
violento
cimento
tormento
& o sol
rissol
caracol
lençol
& o Lord
pagode
morde
enxota
acorde
garrote
& o papagaio
lacaio
& o odor
fedor
horror
& o arruaceiro
matreiro
sendeiro
& as mulheres
belas
flores
amores
beijos
apalpões
tatuagens
viagens
& o mar
sempre o mar
Sempre se regressa ao mar
Como se fosse de novo começar
devagar
dançar
triunfar
amar
Não se consegue exprimir o mar
Donzelas, música e o mar.
Perto e longe de tudo .
As chatices não têm fim
& as chatices estão sempre
longe do mar
longe do sal
longe do sol
Abaixo a ditadura da chatice.
Morte à morte.