O cão espera o desfecho da manipulação
Em conflito com o tambor, os ouvidos dormentes...
Seria minha cama covas intermináveis
Teria eu um milhão e meio de pesadelos;
Descanso a minha mente na letra do Doors
Porém os meus pés passeiam livremente pelos campos de Auschwitz
Almas intelectuais e homossexuais
Transpassaram os incontáveis tijolos e portões...
Não tereis mais um domingo para descansar
Não tereis mais o bloco 11 para um banho tomar...
Doutor Mengele aplique uma dose de morfina no meu sangue!
Todas as noites acordo com febre no meu quarto
Preciso de uma dose letal de fenol ou dormir...
Entrego minha carne ao desfecho de um bordel
Sacio o meu ego com donzelas desnutridas
Putas voluntárias entregues a própria sorte;
Esta noite escapei de um suicídio
Por sorte acordei com a alma eletrocutada
Tenho dois beliches como crematórios
E uma câmara de gás injetada em meus órgãos respiratórios
Esta noite quero viajar de trem
Quero percorrer os trilhos da imaginação
Aos cuidados de Mengele quero trabalhar ou desaparecer...
Coloco-me nu para um tratamento perpétuo
Entrego meus pertences à pira que jamais se apagará
Esta noite está muito frio, não é noite de São João
No reflexo do meu subconsciente vejo minha alma queimar na fogueira;
Eu era um menino descalço e cigano
Feriram o meu calcanhar pelos campos;
Esta noite eu dormi doente, o cão espera ansiosamente pelo desfecho
Eu era apenas um menino descalço e cigano
Hoje não quero mais acordar, não quero mais pesadelos.
Marcelo Henrique Zacarelli
Homenagem as mais de Um milhão e meio de vítimas do Holocausto de Auschwitz, entre eles Judeus, Polacos, soviéticos e Ciganos.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Julho de 2011, no dia 13, Village (Itaquá).
Auschwitz-Birkenau