Vestes-te à pressa
Como se a vergonha
De repente te inundasse.
De onde vem ela
Que nunca se viu
No nascimento?
O meu corpo no teu,
Apenas atrás de cortinados
Mesmo estando destinados.
Oh! Raça; humana
De onde vêm os teus princípios
Rígidos na base em fraco equilíbrio.
Podes desnudar-te, confortável
Numa falsa inocência
Já irrecuperável.
No entanto, amo-a, a vergonha,
Sem ela não veria a tua melhor expressão,
Os teus olhos cuidadosos, meticulosos,
Imersos num relampejo de pura inocência.
É ela que me atrai a ti,
A tua ingenuidade transparente,
Os teus olhos a pularem sempre contentes.
Mas o clímax dessa expressão
Não se atinge quando nos amamos:
O ápice atinge-lo quando te livras das roupas
De uma cama cansada, amassada,
Rapidamente perscrutas o espaço baralhado
Em busca de uma peça que te cubra;
Nesse instante és menina, criança;
És como foste, luz radiante
Que brota dos teus olhos inocentes
Lacrimejantes de esperança.
Um outro tu que não me pertence.
04/10/2007