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A propósito disto: A Fé (Vladimir Maiakóvski)

 
A Fé

Distendei vossa espera o quanto quiserdes - tão clara, duma clareza tão alucinante é minha visão que, dir-se-ia,
bastava o tempo de liquidar esta rima,
para, grimpando ao longo do verso,

entrar numa vida maravilhosa. Eu não preciso indagar o que e como. Vejo-o,nítido, até os último detalhes, no ar, camada sobre camada,
como pedra sobre pedra.
Vejo erguer-se,

fulgurando no pináculo dos séculos, isento de podridões ou poeiras, o laboratório das ressurreições humanas.
Eis o calmo químico,
a vasta fronte
franzida

em meio à experiência . Num livro, “Toda a Terra”, procura ele um nome.
“O Século Vinte...vejamos,
a quem ressuscitar?
A Maiakóvski talvez...

Não, busquemos matéria mais interessante!
Não era bastante belo esse poeta”.
Será então minha vez de gritar

daqui mesmo, desta página de hoje: “Pára, não folheies mais! É a mim que deves ressuscitar!”

Vladimir Maikóvski, poema traduzido por Augusto de Campos.
 
Autor
AjAraujo
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