Rapaz, porque não me aceita?
Eu me expus para você, me abri inteira
Em meio a milhares de pessoas
Eu escolhi você para agraciar
Te dei asas. Gigantes e formosas asas
Mas preferiste o cansaço do andarilho
Ah rapaz... Porque és tão estúpido?
porque não aceitaste a poesia que te mostrei?
A poesia de desvendar as flores em meio ao espinho
Quando tiraram-te a mãe, de pronto te dei outra
E tu a negaste, escravizaste, não entendeu
Não entendeu, que ela sim, era sua verdadeira mãe
Como não tiveste pai, te dei amigos fiéis
Que sofreram com suas idiossincrasias
Se ofenderam, te perdoaram e se ofenderam novamente
Rapaz, um dia me canso, um dia desisto
Cuidado com a empáfia, de quem sempre me teve ao lado
Não pense que sou eterna, um dia me canso
Como se não bastasse, te dei o amor
Sabe quantas pessoas conheceram o amor?
E quantas pessoas se reconheceram nesse amor?
E o que você fez? Teve medo, medo de merecer o simples
Medo de quebrar essa casca que cobre teu coração
O rapaz estava estático, mudo. E assim permaneceu
Ele que fazia das palavras sua maior defesa. Calou-se
Ele que os argumentos convenciam a si próprio
Não teve como se esquivar de tais verdades
A felicidade, embora desanimada, abriu mais uma vez suas asas
Olhou o rapaz com ternura, abraçou-o mais uma vez e disse:
Ah rapaz, um dia me canso...
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