Já não há dor.
Escorrego contra uma parede, vasta;
Já não há dor, apenas cânticos desmaiados
em alucinações de horas vagas.
Não te sustentas em incredulidade: aqui te tens,
Na antecâmara da percepção totalitária.
A dois centímetros do solo, pisoteando escaras
de chagas tangenciais ao âmago,
que tanto penara a preservar, incólume.
Pois agora esfolem-se joelhos em deslizes mal calculados,
Quem se importa, o que importa quando já não há dor,
Vamos! Um abraço ao "que se dane!",
As sapientes consequências, acolhe-as como velhas amigas,
Pede-lhes que se sentem e oferece-lhes um chá, a gosto.
Já não há dor, porque és dor com ela
Oferece-te uma dormência tenra, não recuses,
É de bom grado.
E dança. Dança, nem que seja subtilmente,
em bifurcações coronárias;
em festivais de conquistas por celebrar
e choros sorridentes
Dança em tons, passadas de luminárias crescentes,
Como se oferecesses o corpo às árias cósmicas,
Que martelam os incessantes harmónicos ancestrais
Em complemento, entrega também o essencial dos sentidos
numa saudação ao sol interior.
Domaste a cólera absoluta das orbitais
ambíguas, de tudo quanto existe para te definires.
Regiamente, sedias-te no olho da tempestade.