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NINGUÉM É DONO DO AMOR

 

Ela vem desfilando charmosa. Matreira, confunde os olhares e causa fascínio. Torna-se mais elegante e atrativa nas suas vestes discretas, no comportamento recatado.
Mãe dedicada, esposa comprometida, não é pérfida. Não é por vulgaridade que se entrega a mim. Eu a seduzi. Ela a mim se afeiçoou.
Trocamos o primeiro beijo nos recônditos da escada do prédio. Sófregos, fugidios, apaixonados. Só o recanto escuro é testemunha. O amor não é clandestino, é legítimo.
Um amor proibido e perigoso. Uma paixão, um fascínio, uma atração que não pode ser adiada, deve ser experimentada. Ficamos encantados mutuamente.
As bocas roçam-se outra vez nos recantos soturnos. A paixão acelera os nervos. Os sonhos, o amor, o encanto.
A primeira junção. Corpos contraísodos, fôlegos ofegantes. O fogo da paixão ardendo dentro e fora dos corpos. Contorcem e exasperam alma, coração e pulmão. Desejos de perpetuação, de ser dono do teu amor.
Mas ninguém é dono do amor. Mesmo que o amor se transforme em desejo alucinado e fremente. O nosso amor é apenas quando coincide o momento. Tu és dona da tua privacidade. Eu fico apenas a esperar tua vontade.


 
Autor
Joel Pereira de Sá
 
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