Ai dolorosa lucidez que outrora
não tive e que agora me apunhala,
ai doloroso vazio sem tempo nem hora
que agora me grita, que agora me fala.
Vazio distante, água impura, olhar frio...
Dor-de-dentro, sem fundo, sem trono nem raiz,
horas mortas, defuntas, funestas, sem estio,
onde te deixei, te larguei, te perdi.
Acordei! Despertei! Lembrei!
Corri veloz no Fogo da Alma
e agora sei que te Amo, recordei...
Corre p'la face uma lágrima de Memória,
noite-sem-tempo que ilumino com a chama
de uma nova Esperança, de uma nova Aurora.
RICARDO LOURO
(À amiga Florbela Barbosa)
Ricardo Maria Louro