Oh sangue meu
Que me escorres de tão fronte face
Não deixas que meu coração enlace
Pois queres ser tu seu instrumento
De ti brotam palavras mudas
De ti meus sentimentos são caricias
Arranjadas pelas mãos propícias
De quem contigo escreve um poema
São poemas navegantes
Melhores, por vezes, que os descobrimentos
Lançam-se da boca e pelos ventos
Chegam a toda a Vénus e Vénus Cítrea
Não derretem com o sol porque não passam de rocha
Denominados de tudo, esta voz glosa
Passa por quem quer dizendo olá
Se não me vistes no mundo esperai, até já…
Vou dar a volta ao planeta pelas vozes das crianças
Ler os pensamentos do mar para os cumprir
Desta voz poética me faço eu ir
Para ficar porém nas maiores lembranças
Sangue que corre pelo infinito
Não és navegável porque só sabes ler
Fazer poemas com o teu ser
Tentar fazer um mundo mais bonito
Flávio Miguel Pereira, poeta