Passaram os anos, mas a memória ficou
no tal coração que com amor me transformou;
Perdida nos sonhos, balançava por um futuro melhor,
usar esse balançar como um fim para toda a dor;
Cantar enquanto sentia o vento puxar o meu cabelo
e lançar a voz ao ar como um apelo;
Abstrair-me de tudo aquilo que me rodeava
enquanto que o sol o fim do dia anunciava;
Apreciar cada balanço como uma ascensão
e ir crescendo na pressa de queimar a solidão;
Imaginar os meus dedos a romper o manto azul do céu,
receber de braços erguidos aquilo que a vida me deu.
Esticar as pernas numa tentativa de voar
para um mundo diferente onde conseguisse aceitar
o que a realidade tem de duro para me dar;
Será sempre uma tentativa de limpa-lágrimas
o fugir à dolorosa monotonia diária;
O acto de ascender as pernas bem esticadas e sem medo,
a força feita com as mãos nas cordas já desgastas
pintado o chão com pegadas abstractas.
Mostro e digo a simplicidade com que ouço,
escrevo então a simplicidade de andar de baloiço.