EFEMERIDADES MINHAS
Já não vejo o que olho,
Se olhar com desejo,
Se sentir que não escolho
Aquele abraço, aquele beijo.
Ridicula, patética existência
Que só sabe Amar.
Tenho falta de sentir
Aquilo que não senti,
Que podia ter vivido
E sentir saudade
Da saudade que não vivi.
É estranho ter consciência
Um rasgo de culpa, padecer
De loucura tranquila, viver
Na ânsia de não errar,
Limito-me ao constante, ao estático,
O mesmo a cada momento pragmático.
Leva-me a solidão,
Á saudade me entrego inteiro.
No esquecimento infinito,
O vazio é meu mito.
Sou instantâneo
Como a água de um chuveiro.
SAVC