Espero-te. Ainda te espero.
Entre os sonhos escondidos, entre a capa de metal, entre a negação do meu querer mais profundo, sim - ainda te espero.
Por vezes, apenas te quero, não te espero mais. Por vezes, não te quero mais, espero-te apenas. Outras, não te quero, não te espero, fico-me por te odiar.
Não sei, acho que é mais fácil. As lágrimas de rancor sobre a minha face fazem-me querer fechar os olhos e esquecer-te.
Sabe bem, por vezes, odiar-te, fingir por momentos que não te amo com todas as minhas forças.
Logo volto a mim, logo me sento silenciosa outra vez, esperando-te. E entre esses momentos longos de espera, em que alternadamente desisto, te odeio e te volto a amar, escrevo-te estas cartas nunca destinadas a serem enviadas.
São apenas palavras. Não significam nada.
Espero-te. Secretamente, ainda te espero. Espero que me tragas o mundo às mãos e a felicidade à alma, espero que me tragas os momentos já fantasiados, as memórias pré-destinadas.
Decerto, nada disto significa para ti. Decerto, o teu caminho ainda é longe de mim.
Mas se um dia te cruzares com a minha escondida angústia, senta-te ao meu lado. Permanece calado, sorri-me apenas e saberás que te esperei todo aquele tempo, que ainda te esperei.
LAURA JUSTINO