Quando sentir o peito latejar,
Então, sim, hei de escrever,
Como se estivesse apaixonado,
Como se dormisse acordado.
Quando por fim a minha respiração se esbater
Em recalcos inoportunos, numa agressividade inconstante,
Em que não tem o ritmo do momento,
Escreverei como quem é agarrado pelos seus próprios braços.
Entretanto, escreverei com a memória
Do rio que já percorreu parte do meu sal,
E alimentarei o mar das circunstâncias em que, em vão,
Tento encontrar essa parte que me falta,
Que me está a faltar.
Depois, um dia hei de me libertar do escafandro
E a minha pele ficará molhada na ausência da mesma respiração
Oportuna que sustentava, num sobressalto não provocado,
E então escreverei... apaixonado.