Um Anjo Chamado Amigo
by Betha Mendonça
Ele atravessou meu caminho como uma pipa colorida que cai do céu num dia cinzento. Desses que a gente julga não haver nada nesta vida capaz de tingir de tão cinza escuro... Tinha compreensão e vontade de saber de mim a brilhar nos olhos. Ouvidos atentos. Silêncio na voz e calor nas mãos que seguravam as minhas.
Contei-lhe tudo que me passava da mente ao coração.Ele sorriu com a paz de quem sabe que tudo nessa vida tem um motivo, passa e nos fortalece o interior. Que eu me acalmasse. Que as águas turbulentas nas quais eu me afogava logo seriam imensa calmaria e a navegação seria mais serena.
Tentei chorar de pena de mim. Enxugou-me com bondade as lágrimas. De modo firme olhou-me nos olhos e falou: - Com atitudes que se vencem os desafios! As lágrimas que te aliviam por um momento - se em excesso - te afogam na fraqueza e fracasso. O medo de viver paralisa e assim não tu chegarás a lugar algum.
Insisti na autocomiseração, mas ele pegou-me pelo braço e levou-me para caminhar. De repente estávamos num parque amplo, arborizado, florido, cheio de boas intenções e um números tão grande de juízos reais e imaginários que fiquei confusa até minha mente processar tantas informações. Na beira de um rio - que de tão límpido se via toda flora e fauna que lhe havia dentro - deitamos no relvado para meditar enquanto escutávamos os ruídos da água corrente a bater nas pedras. Profunda paz se apossou de mim. Cada vez mais tranqüila e relaxada, meus problemas criaram asas. Voaram como pássaros a pousar um a um em ninhos que eram as soluções para cada uma das minhas aflições. Adormeci. Despertei no meu quarto e tive a certeza que um anjo amigo me visitou.
(republicação)