Vem lá, no alto, fazia muito frio
Era o famoso vento, num triste lamento
Vento gemia e como ele gemia
Contorciam-se e tudo ele levava
Reclamava, sem nunca ele parar...
Eu estou aqui. Sou eu o vento. E ventava
Vento que trabalha, sem parar
Sem horas marcadas, compulsivamente
Sem descanso, não tinha feriados
E sempre muito atarefado e ocupado
Vento que nos soletra, eleva os pensamentos
Em belos momentos, momentos de amor
Refresca o corpo, traz a canção de embalar
Com lindos sentimentos, muito amor...
Vento vingativo, o vento que foi esquecido
Não olha a meios, tudo devastas e levas
Destróis quem não ama e não te venera
Devastas tudo, e tudo levas sem piedade
Sem medos, sem pena e sem a senhora culpa
Vento, que trazes as vozes, sussurra recados
De amores sozinhos e por ai ainda abandonados
Também dos teus lamentos pela terra maltratada
Vento que não te amordaçaram e nem te calaram...
Betimartins
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