A ele trocava-lhe aquela máquina fotográfica ao peito
Por um ramo de oliveira nos cabelos
A elas...
Memorizava-lhe os sorrisos soltos, e os sedosos cabelos
Naquele seu jeito de sentar, verdadeiras Deusas
Onde o anoitecer acontecia sem tempo
A lua iluminava os seus cabelos no ondulado dos louros
As morenas sorriam, como se as cadeiras fossem de baloiço
Corriam em alegria no momento, alheadas ao tempo
A mesa era farta, de frutos fora do comum
Assim simples, como cerejas de um carmim cipreste
Os senhores escutavam em memória fotográfica
As palpitações do tempo
Ele sentado no meio das Deusas
Observava as marés do rio…
Durante uma maré calma
Quando o som das harpas vindo das árvores o adejaram
Até um templo, onde as suas musas dançavam
Já fora das molduras, numa arte antiga
Torneadas nos fios soltos do seu olhar
Por onde, só a exuberância do artista
Consegue sonhar…
As Deusas partiram até tempos remotos
Perderam-se nas riquezas dos majestosos temperos
Por lá ficaram a correr e a saltar
Num tempo longínquo, que sempre as vai guardar.
Cristina Pinheiro Moita /Mim/