O poema divino tem palavras tantas
E no entanto nenhuma delas se repete.
A nenhuma domínio sobr’outra compete.
Nem mesmo as ditas chulas, nem as ditas santas.
O poema divino é poesia branca,
Onde rimas se dão por outras competências.
Métrica? Desafia o poder das ciências.
Ritmo? A qualquer estilo, a qualquer forma, desbanca.
No poema divino, cada ser humano
É uma palavra única, um verbo soberano
A projetar o bem e o mal que a vida canta.
E assim, por ser divino, é incompreensível;
Ao mesmo tempo é claro e é indecifrável.
Aos olhos de quem lê, escandaliza e encanta.
Frederico Salvo