UM OLHAR SOBRE A CIDADE
Pelas lentes de nossas retinas, não se vê coisas tão boas
Já vimos cenas muito mais belas: filhos respeitar os pais, pais proteger seus filhos, os casais beijavam-se muito mais, andavam alegremente de mãos dadas, davam milhos aos pombos:
Já não se vê mais pássaro, catando o "de comer" no concreto.
Lá distante numa curva, víamos o romper da aurora, hoje o dia nasce turvo e morre acinzentado.
Bom seria, despertarmos com o cantar do galo, ou ainda que na cidade, com o ruído do trem apitando...Piui..Piui...Chamando seus passageiros. (Alvoroço bom de acordar... esse)!
Agora se respira fumaça, não há mais pássaro na praça, nem árvore para ele pousar; vê-se arranha-céus, que chegam quase a tocar o céu, até onde a vista alcança.
O cheiro de primavera, quase nem se sente mais...Confunde-se com outros odores, de poluídos rios, que enfeiam o cenário da cidade, e, além disso, ainda causam enchentes e seus "efeitos"!
A fumaça dos carros, o trânsito parado há quilômetros, causam estresse.
A violência que impera. Sair e voltar vivo para casa, virou uma batalha, semelhante à de "devorar um leão por dia". Desviar-se das balas perdidas, do caos do trânsito,
e dos olhos "famintos" de crianças e idosos, sendo massacrados pelo sistema torna-se quase impossível.. Pessoas viram pasta humana no interior de metrôs ônibus e trens: das sete, das oito, e de todas as horas e a qualquer hora do dia, todos os dias.
De tudo se vê: as inocentes meninas que deviam estar brincando de boneca, hoje brincam de mãe e filho(s) filha (s) prematuramente. Jovens de ambos os sexos desaprenderam do que é infância, mas viram brinquedos na mão dos traficantes, quando não, tornam-se dependentes: ou do uso, ou da logística da distribuição de drogas.
Pupilas são dilatadas...Mas não para "ver" o próximo, mas para "correr" atrás do próximo trago, do próximo pico, do próximo gole, ou da polícia.
(Vive-se num amontoado: pais, mães, filhos (as) e netos (as) sem pais)!
Já não se vai mais à missa aos domingos como antigamente, poucos ainda se lembram quem é Deus. Já não se reparte mais o pão, e sim o cigarro, a droga, a bebida, o viaduto e as celas abarrotadas em completo frenesi; os que estão dentro comandam os que estão do lado de fora; que aumentam a lista e a expansão de seus territórios...
Processos amarelam a espera de julgamentos; Juizes são ameaçados, quando não, mortos.
Mães pedem intervenção divina, por seus filhos (as) na linha da morte nos morros, nas celas, e nas favelas...
(Pelas lentes de nossas retinas, não se vê coisas tão boas...)!