Fomos nos separando... Lentamente
Dispersos como um bando de gansos
Que após um longo período de descanso
Aportam em vários lagos diferentes.
Prendemos-nos em pequenos universos
Donde enxergamos apenas a ponta do nariz
Não ouvimos mais o que o coração diz
Ficamos sós a pregar num rígido deserto.
Perdemos-nos em nossos desejos
Transformando tudo num manto incolor
Desviamos-nos dos caminhos do amor
E caímos num tortuoso e total desespero.
Assim dessa forma fugaz e estranha
Vamos tecendo nossas tristes cortinas
Que nos privam das luzes matutinas
Com nossas garras de metálica aranha.
Fomos nos separando... Iguais a navios
Que insistem em cruzar dois horizontes
Dois corpos dormentes, doentes e frios
Quebrantando elos, derrubando pontes.
Diz a canção que tudo passa
E que tudo sempre passará
Como uma onda no mar.
Acho que tudo na vida se separa.
Aquilo que nos une nos repele
Acho que essa coisa de “pele”
Anda um tanto mais cara e rara.
Assim vamos nos separado, iguais a navios,
Dispersos como um bando de gansos
Fugindo dos dias invernais, cruéis e frios,
Procurando porto seguro em lagos mansos.
Assim vamos indo, tal qual furiosa locomotiva
Num trilhar caminhos novos em dias de verão
Percorrendo palmo a palmo a ferrovia da vida
Para nos deixar (in)seguros na última estação.
Gyl Ferrys