Poemas : 

Quando Raiar o Sol

 
Hoje só, vendo seu quadro na parede
Lembrei-me dos dias felizes de antanho
Quando eu te via, semi-nua, deitada ao sofá,
Com as pontas dos dedos roçando o tapete,
As pernas torneadas e grossas à mostra,
Os cabelos em mil novelos caindo pelas costas!

Como eu me fartava em um deleite libidinoso
Imaginando serem silvas do mato seus suspiros;
Uma torre de afago misto com marfim, seu pescoço;
Um diamante de gigantesca dimensão, seu coração;
Pérolas furtadas dos antigos reis do oriente, seu sorriso;
Tênues teias prateadas os nevados dedos da sua mão!

Entorpecido dei asas as minhas próprias fantasias
Pintei o arco-íris em mechas nos seus cabelos
E parecia que eu via seus olhos luzidios me sorrirem;
Uma cachoeira eu pintei em seu formoso colo;
Em cada pêlo da face o pincel fez um sol amarelo...
Dois sóis de negror afogueados lhe pus nos olhos;
A cada movimento da minha ofegante respiração
Meu pensamento pintou-te toda de constelação!

Ali estava você com seus pensamentos e seus segredos.
Ninguém ousa conhecer a mulher e seus mistérios
Nem até onde podem chegar seus temores e medos;
Se elas nos dão bálsamos do céu ou fogos dos infernos.
Não seria eu, minha doce amada, que tal feito faria,
E digo-te que nunca foi e nem é essa a minha intenção.
Apenas sei que estou encostado no portal te velando,
Esperando-te quando raiar o sol da nova estação!



Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1384
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
2
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/06/2011 08:50  Atualizado: 11/06/2011 08:50
 Re: Quando Raiar o Sol
Li, reli e fiquei maravilhada! Chega de palavras... fico na contemplação de um poema fascinante!

Beijo azul