Por descuido, não cuidariam as flores a mirar
Novamente o solarengo dia que se iria mostrar
E...
E depois ficaria um outro ser encalhado
Entre as flores que não abrem
E a razão de estar preocupado
(Preocupado enquanto deitado entre botões de flores que ainda se fazem.)
Não tocaria o cinzel da pena no papel
Com o mesmo sentimento preenchido
Se em repente todas essas flores se abrissem
E o abrir de tais cores, é aquele
Que abominado, é tão pedido quanto perdido
Ao fulgor da vaga e da cheia...
Sincronizações mal conseguidas com o intuito interior
Do desejo, mais propriamente dito
Com a noção de conseguir fazer o pretendido
Mortes, morrendo, mortes de amor,
Não sabendo sequer o que diz (ou sente)
Mentem assim as flores, mente assim a gente...
E só quereria o melhor para tais botões ainda rosados
Não fosse a volúpiosa vontade de os abrir
E não sei se me aguento, agora que feito em cacos
Pedaços que afiados poderiam sem querer porvir
A um espaço cortado no meio da pétala mais embaraçada
Cortar uma parte, e entrar na parte mais ameaçada
Sendo que assim seria um sentir de descuido
Essas flores que não cuidam, que eu não cuido
Não saberiam ouvir o que apenas sons de silêncio poderiam dizer
E até a sempre presente dúvida do existir
Se solucionaria desaparecendo...
E o sentimento, com as flores, iria morrendo...
Tantas as flores... que amachucadas pelo corpo inerte pela vontade e pelo medo... ganham pernas...