De todas as dores,
que espalham dissabores,
há uma que me assusta:
o significado escasso
das dores que passo
e que tanto me custa.
De todos os desgostos,
que te queimam o rosto,
há um que me comove:
o vilipêndio da afronta,
que te deixa tonta,
que na estiagem não chove.
De todos os males
que te inculcam os olhares,
há um que me sobressalta:
a congênita desfaçatez,
que tem te tirado a vez
do sonho que te falta.
De todas mentiras,
que ainda não retiras,
há uma que domina:
a insensatez covarde,
que na tua pele arde,
feito fogo que ilumina.
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