Pela calada se esfuma o silêncio de cada noite e o deserto de palavras que não surgem a preceito. Uma mordaça incorpora todo o isolamento e as mãos não refrescam esse sentido. Nada se expele por entre as amarras da desolação onde o auge se esquece, alheio a todas as conformações. Nesse destempero sereno não permanece o sorriso e a contraposição não assiste a qualquer necessidade. Os ouvidos sentem o ecoar desse silêncio sem as barras de uma prisão consentida. Passa o tempo da madrugada, onde os latidos de alguns seres caninos, em reclamação contínua, resfriam a solidão rarefeita. Mais adiante, a claridade da nova manhã traz consigo o renascer da esperança.
António MR Martins
2011.06.05
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...