É dia de S. João
E de saudade
Rola uma lágrima no meu rosto
Dos tempos da mocidade
Que já por mim passou
Recordo o meu pai
A cantar com sua voz de cetim
As orvalheiras, as orvalhadas
Da Lapa até ao Bonfim
E a minha tia Rita
Que em solteira era mais bonita
Lembro a fonte de prata
Que afinal era de lata
E S. João já não me mata
Passo pelas Fontaínhas
Das casas velhinhas
E ouço as rugas
Sigo as suas danças
E as canções do meu pai
Santo Antoninho lá do Bonfim
Dai-me um menino a mim
Neste dia de S. João
Fico-me cantando baixinho
Quero que se chame Antoninho
Já é manhã
Como o pão quente
E bebo o vinho maduro
Há moças solteiras
Em cima do muro
E as orvalheiras...
Cansado e triste
Minh´alma não resiste
A dizer-te
que ao morreres
Meu pai Eloy
Foste, és e sempre será o meu herói
encontras-te sepultado
Mas eternamente recordado
Com todo o carinho
Nesta noite de S. João
E sempre
Dentro do meu coração
Rodolfo Eloy, em JN 22 Junho 2002
Ó meu rico Santo António
Livrai-me deste demónio
Que m´anda a tentar