Um pintor roubou a Natureza
aprisionou-a num quadro,
manietou-a sobre a tela inerte,
martirizou-a com golpes de luz,
velou-lhe as cores,
vedou-lhe as estações,
confinou-a ao calvário...
e crucificou-a, já morta,
nas paredes cruas de um museu,
para exibição explícita
e impudente.
Foi condenado à imortalidade.
(antes a tivesse enterrado
nas catacumbas da arte ignorada...
talvez assim a Natureza ressuscitasse,
e o pintor,
filho das hordas agnósticas que o condenaram,
se elevasse à condição de Amador...
e mortal)
Teresa Teixeira