Há pouco, quando a noite deixou de chover; quando o gelo se deixou derreter… fiz-me à estrada. Estou a andar! Preciso de andar.
Releio e vejo Florbela Espanca, Lívida da febre, em seus versos tristes, (delírio), a escrever a “má visão”. Revejo-a ali, naquele branco lírio, entre os pinheiros crescidos, do horizonte, e à distância a que me encontro, defronte, neste espaço do caderno.
Esvoaçam lágrimas volto a andar por veredas sem antever que rente revejo o trilho doente da sua aparição…
Esta noite choveu, ando, estamos a andar…
Olho o monte das folhas secas… Onde despontam os matos E os cogumelos de tantas cores.
O sol está raiando Tenho luz à tua espera… Vai! É primavera!
À minha frente abre-se uma estrada, entre pinheiros, que tenho de percorrer. Não posso parar; Gostamos de escrever. Vai! É primavera.
Um melro assobia, outro responde -É primavera!
Um besouro chegou, sei lá de onde? Chegou! É Primavera
Os botões das roseiras dão-se a conhecer às folhas novas que os viram nascer: -É primavera
Duas borboletas ensaiam um baile. Vieram ter comigo. Querem ir contigo… Na primavera.
O sol está queimando Temos luz à nossa espera, Vai… Que eu estou chegando… É primavera! Campimeco, Praia das Bicas, Meco, 1/4/2011 (Registado no Ministério da Cultura Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. Processo n.º 2079/09)