Em voos brancos,
Riscando a distância
Uma águia faz brilhar o sol
Em intermitências cadenciadas
(céu que me vês cansado,
de ombros velhos
e arregaçados)
Um horizonte perdido feito lobo
Canta como quem uiva
Chamando a si a erva da pradaria
(faz minha a magia da terra sagrada)
Seres, visões, futuros alienados
Confundem-se
Entre os ecos do tempo
(dá-me lágrimas de primavera,
ensina-me canções de esperança)
Um vento mudo
Desenha montanhas
Em aveludados dedos
(rouba-me as palavras de desassossego,
corta-as em ténues suspiros)
Rios rasgados
Correm sem memória,
Esquecendo-se em vertigens
(hoje lanço as minhas veias
na terra,
bebo do teu suor)
É aqui,
No início limpo das coisas
Que a semente é lançada
Como uma gota de chuva
(hoje quero renascer
em claros pensamentos)
É aqui
Que a essência do mundo
Deambula
Em cristalina existência
E a razão da vida
Se reencontra
"O espaço onde pertenço está definido algures
Numa palavra que eu ainda não sonhei"