Poemas : 

Desabafo do dia de ontem

 
Quem me dera que este fosse o meu último momento para descobrir que não seria chorado por ninguém. Nasci sob a forma de um ser imperfeito que sofre diariamente pelos outros. Luto por mim mas e os outros? Os outros impõe que eu morra por eles! É a minha obrigação segundo eles! Colocam-me sempre numa posição inferior aquela que eu estou e depois desculpam-se que é para disfarçar os problemas deles... Problemas! São alimentados pela família, têm a liberdade quase nas suas mãos, não têm problemas de esconder os seus amores... E eu? Eu vagueio entre todos, sou o Atlas deles! Quem me dera soltar o círculo vicioso que sustento, que é a vida deles! Eles, ao misero toque morrem em pedaços, eu que devia morrer não morro. Criticam os meus gostos e dizem que os deles são melhores! Culpam-me de tudo e no final pedem-me ajuda! Usam-me como se fosse a água que eles bebem e, de repente, cospem-me para o chão, para o submundo do sujo e da mediocridade. Sou eu uma das pedras da calçada que os fazem andar, mas, de vez em quando faço-os cair.
Quem me dera que a minha ideia de tudo fosse realidade... Mas como? Se rasgam os meus sonhos em pedaços e os atiram para o rio. Olham para mim na rua e apontam e troçam e riem e eu morro...
Eu devia estar no topo do prédio e não na base! Mas deixem-me que vos digam que o que caí primeiro é sempre o topo, uma vez que a base está bem segura...


Pedro Carregal

 
Autor
PedritoDomus
 
Texto
Data
Leituras
565
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.