Numa noite de Outono
Deixei dares a outro dono
O teu traiçoeiro coração
Sempre meu pensei que era
Desde da noite de Primavera
E por noites curtas do Verão.
Agora agarrado á saudade
Por prevérsa crueldade
Tenho só um pensamento etérno
Deixei-te saír do ninho
Agora tremo sózinho
Nas noites frias de Inverno.
Assim passam as estações
Como tristes canções
De tempos que já lá vão
Eu choro a ve-las passar
E só desejo regressar
Ás noites lindas de Verão.
Eu sei que tudo na vida muda
Com mais ó menos ajuda
Já não é nada como era
Mas esperando a alegria
Nesta minha fantasía
Vou regressar á Primavera.
Quero passar a noite acordado
A ouvir cantar o fado
Sem nunca sentir o sono
Não quero ouvir o vento
Ó o teu adeus tão lento
Naquela noite de Outono.
Eu sei que já vou estando velho
E não aceito qualquer concelho
Pois eu não quero ser moderno
Mais prefiro estar só
Do que receber teu dó
Nesta noite de Inverno.
pois, sou sempre só eu não sou?