Há evidências... há evidências...
E o que pode ser
mais chocante,
mais aterrorizante,
mais venéfico,
mais instigante do desejo de matar,
mais combustível, e mais comburente
do verdor cortante e sanguinolento do ciúme,
que as tais "evidências"?!
Nada!
Ah, o ato falho, a conversa encostada,
a comunicação inconsciente do fato,
a conversa escutada "sem querer",
vinda da mesa ao lado desta minha,
onde amargo sozinho as piores suspeitas,
onde rumino o quê... senão as "evidências"?
Todo mundo trai, todo mundo...
O próprio mundo, penso enquanto aliso o copo,
sim, o próprio mundo é feito só de traições...
Na hora certa de partir, chove forte, chove pedras!
A vida é traição, sempre, e até o fim!
Ah, quantos cascavéis são necessários
para compor o veneno de apenas uma evidência?
... E do outro lado da rua, sentado no meio-fio,
eu bebo o calmante gelado de uma caipirinha,
[feita com uma pinga de Minas, é claro],
e sorrio de quem é sério... ou, no mínimo,
pensa que isto de viver é sério!
[Penas do Desterro, 27 maio de 2011]