Repetem-se os dias
numa cadência
insuportável.
O cinzento desbota-me
os olhares,
e as palavras morrem
nos lábios,
monossílabos singulares
sozinhos
que nada significam.
Os dias de chuva partem,
e os de sol
voltam e retornam,
nem o frio me trespassa,
nem mancho o colarinho
no calor dos dias
iguais.
Sou eu,
e o insuportável peso
de me ter;
e por mais que os olhos
se incendeiem
e te conheça nos desejos
que me acordam,
enquanto não voltes…
e me sacudas,
os dias incompletos
repletos de horas
repetem os acordes tristes
dos dias sem ti,
dos dias iguais.
Jorge