Um dia disse-me não ser poeta
Pela convicção que possuo de ser
Apenas outra pessoa - outro sujeito, outra colheita,
Um outro fruto da árvore de viver...
Um dia disse-me não ser ignorante
Mas procurador da embaixada da inteligência...
Mas apenas porque tomei consciência da minha grande
Falta... de sapiência...
Um dia hei de dizer não ser outra coisa qualquer
(E quando o disser,
Terei razões para isso...)
E no final de tanta exclusão, o que irei ser?
Não posso ser filho da imagem da perfeição
(Nem de perfeição é a minha face toldada...)
Mas posso melhorar, pouco a pouco, a minha compreensão
Deste mundo em que caminho... em cada chaga...