oiço uma voz no meu ombro,
será a consciência ou estou louco?
tento escutá-la e não percebo, estou mouco
não a suporto
mas ela insiste e diz-me coisas
num murmurio
tão mudo quanto sou surdo
e a ignoro
profere palavras que desconheço
e desprezo,
isto é da minha cabeça
eu sei que não estou bom dos cornos
mas algo não está bem
esta voz não me é estranha,
será um déjà-vu
ou um sonho de onde eu não acordo?
olho ao redor: estou no escuro;
não sei o que procuro,
o ar está frio mas puro...
será que é isto a morte?
a voz que vai e volta,
parasita do meu cérebro
o espaço negro, ténebro,
o mistério que sufoca...
não me recordo deste sitio
mas nao me sinto perdido,
esquisito...
é obvio que perdi o norte!
mas algo me convida,
algo me invoca,
algo me chama
e o meu corpo hesita...
só que a alma é mais forte.