Vinte e um.
Bem me conheces…
A minha boca não traduz o que minh’alma não sente.
Vinte e um.
Segundos suficientes. Nossos olhares encontram-se…
Acontece um banquete de amores… assim… através do olhar.
Plenitude. Imensidão do verde. Do marrom. Do sem cor.
Do “sei de cór”. Que brinca de mentir. Não sabe. Ninguém sabe.
Nos ausentamos em nós mesmos. Lindo. Terno. Quente.
Vinte e um.
Horas que não as sinto. Nunca as percebo se estou consigo.
O tempo deve ser criança maldosa… Brinca e abrevia-se tanto.
E sem ti, arrasta-se. Arrasta correntes. Pesadas correntes.
Solidão. Necessária. Eu gosto. Mas não estou para ela sem ti.
Apenas quando tenho que abrir a bagagem.
Vinte e um
Dias que remetem-me a um tempo do começo.
Atravessamos nossas almas sedentos. Medrosos. Eufóricos. Apaixonados.
Como criança na roda gigante. Perdermos o céu e o chão.
E perco-me. Hoje. Duas vezes… Longe de ti. E Perto de ti.
Roda gigante gira dentro de mim. Perto de ti. Sempre.
Rosa rubra. Sinto-me em ti - Vaso.
De águas de “sempre viva” onde repouso. E adormeço. E entrego. Tudo.
Vinte e um.
Meses que portam-se como a intensidade do tudo.
Tempo do muito. Muito Amor. Muita Escola – VIDA - e músicas.
Muitas letras em papel. Molhados. Água, vinho, lágrimas.
Lágrimas de dores e de amores. Presença demais. Ausências demais.
De amores em teus braços. Meu dono. Me invades. Te quero. Sempre.
Me mastigas. Muito. E nunca cospes. Eu quero – Preciso. Te clamo. Te chamo.
Chama minha. Cama nossa.
Me engoles. Mais e sempre. E vejo-me em ti. Teus passos. Meus.
Águas do tempo. Da chuva. Águas de olhares. Amores e dores.
Águas de saudades. Águas de filhos… sempre.
Que banham… E mostram o norte. Da volta. O porto.
Vinte e um.
Anos te desejo. É incerto. Não cuido de mim.
Ando descabelada e descalça pela vida.
Levo apenas uma malinha… levezinha. Sem mágoas.
Nela apenas sonhos e palavras. Borboletas soltas e livres.
Meus guardados. E casulos. Junto ao bloquinho.
À caneta. À tinta. Meu verbo.
Tinta de cores… muitas. Tu as trouxeste. Lembras?
E pintas tanto comigo… E eu amo tanto estas cores!! Vida minha. Tu.
Vinte e um.
Maioridade. Eu nunca cheguei à “maioridade” de mim. Não quero.
Me cuidas. Preciso. Não soltas a minha mão. Me aceitas.
Me penteias os desalinhos como sempre o fazes…
E se cansarmos destas cores… elas são infinitas… Lembras?
Misturemos. Nos misturemos. Continuemos.
A ponto de permanecermos cada vez mais tempo.
No universo vasto e livre. Nosso. Infinito. Do depois.
Dentro de mim. Dentro de ti. Um.
Menos vinte. Apenas UM.
Karla Mello
Maio/2011
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)