Pai,
Se possível for afasta de mim...
O Coração do Homem é um deserto
Uma longa estrada onde dançam os xamãs
Onde a serpente pleiteia seus rastros
Ouço vociferações no jardim desde menino;
No crepúsculo de Getsêmani exaltei-me por um momento
No Livro da Lei decifrei meus juízos, Thelema é meu livre arbítrio;
No gueto de Varsóvia pisei meus pés em holocausto
Minha honra chama-se lealdade,
Meus cavalos templários e camisas negras...
As runas me protegem em tropas
Escrevi na prisão “minha luta”, minha peleja anti-semita...
Passei do Haiti a thule, sociedades memoráveis.
Ele nunca visitara outro funeral a não ser o do próprio pai
O coração do homem é um deserto
Uma longa estrada, Aleister nada poderia fazer;
Pai,
Se possível for...
Sustenta-me os pantáculos do Rei Salomão
Os pilares arremessados por Sansão;
Atai-me as alpercatas por hora
É longa minha jornada e me sangram os pés;
Me espera o alcorão, seus verbetes e recitações
Complexos mais que o Houaiss, pensamentos...
Os cincos Bispos de Antioquia a Constantinopla
Rosas queimadas como bruxas, incineradas palavras...
Obras apócrifas, Aristóteles, abades homicidas;
A estrela matutina ainda brilha em morfinas consumidas
Atravessei o deserto e me deparei com faces
As faces decapitadas de um exército de querubins;
Apossais das terras, as terras de carnes e enganos
Morrereis com ela, em sepultamento mútuo;
Esta noite eu perdi o sono...
Sonhei que caminhava no calabouço do Hades
Matava minha sede em Pison, a narrativa de Gênesis;
Por crime de genocídio, ceifas nos campos de Auschwitz
Socorro! Socorro! Heinrich ainda está vivo;
Jimmy, Janes e Jim, estão no sepulcro das consciências
Espalharam suas cinzas em ideologias recíprocas
Saltitar faz teus olhos nas telas de Monet
No imbróglio sorriso malicioso de Da Vinci
Inspirou-me Alfred por soberba num copo de vinho
As mil facetas do mago Crowley cerimonial;
Pai,
Se possível...
Estão esgotados os meus suprimentos
Inri, meu corpo Transliterado
Esquartejado por muitos a caminho do Gólgota;
“Jihad maior” a guerra santa do oriente
Vietnamitas e cambojanos
O coração do homem é mesmo um deserto
Um acampamento de imprevisíveis nômades
Uma ópera incompreendida...
Não é preciso muito, o “Tsar” da língua;
Esta noite eu perdi o sono...
Às quinze horas perdi as chaves dos meus aposentos;
Ao chefe dos quatro anjos favorecidos
A regência deliberada sobre as batutas de meus dedos
Segue em ritmos de círculos viciosos até o fim dos tempos;
Agora descansa em paz a minha alma
Pai,
Tão simplesmente perdoa-me!
A estrela matutina ainda brilha.
Marcelo Henrique Zacarelli
“Este poema é uma mera visão do poder de raciocínio da faculdade física e mental, estando o autor isento de suas interpretações bem como as filosofias religiosas e políticas citadas, etnias, costumes e para outros fins ideológicos, talvez a mera coincidência entre o bem e o mal, para qual esclareço, não decorrentes da supremacia do mal, o mundo jaz no poder do maligno diz a Bíblia, ainda temos nosso advogado Jesus Cristo, o cordeiro santo que pagou preço de sangue por nossos pecados.”
Pelo Autor Marcelo Henrique Zacarelli
Maio de 2011, nos dias 26 e 27.