Um pedaço de pão,
(Teu alicerce de vento)
Uma bebida forte,
Um gosto amargo
Na garganta e a total
AUSÊNCIA DE FOME
Sussurro... "Silêncios..."
Um gemido, um grito sufocado pelo abismo.
Uma pedra no peito,
Uma ânsia inútil... Buscando na ilusão
O que resta de um afago,
A descrença da mão.
"A solidez da solidão..."
As chamas, as cinzas...
Que o vento arrasta para além do real...
Lâmina afiada, coração desfeito,
Sem jeito, partido, morto,
Jogado no chão.
QUE O MEU CALAR TE SEJA PAZ...
Que minha tristeza te seja PRECE...
Que minhas lágrimas sejam teu veneno,
Que delas te alimentes e maldigas tua falsidade...
Eu: olhando-te
Maldigo o sentimento que mais amei...
Quero cuspir ou vomitar... As tuas pedras,
Escarrar sobre o amor que um dia senti por ti,
Quero estrangular as tuas juras de amor,
Depois te ver lentamente em mim morrer
Sepultar-te e ser sepultada também em ti.
E na lápide escreverei apenas:
JAZ...
Quero arrancar da pele os arrepios que senti um dia,
Virar do avesso as areias do querer,
Para plantar e cultivar esquecimento.
E... Assim como ser livre... Bater as asas...
Como anjo... Sem remorsos...
Apagar como numa lousa o giz...
E ''desescrever'... O que escrevi.
Desbotar as cores daquela primavera,
Desmascarar o teu rosto, rasgando tua máscara!
(Pintar-te de palhaço.)
APALUDIR TUA CANALHICE.
Rasgar com minhas mãos o teu peito,
Só... Para... Sentir se o teu coração bate,
Se és gente, se és carne... Ou apenas cinismo...
Morder e mutilar teus dedos,
Para não mais escreveres mentiras.
E chamá-las, dúvidas... (...)...
Um instinto animal de mim se adona...
Estou ferida, quase morta;
Ai... Comigo carrego uma certeza:
Teu nome é "Pedro"
"Negas"... Mas não me trais,
A ti traístes...
Por isso te condenas,
UMA BEBIDA FORTE, UM PEDAÇO DE PÃO...
(Ednar Andrade).