Naquele abraço meigo,
Entre simples e puras palavras
Ainda sinto os teus pequenos dedos
Pegajosos no meu pescoço
Enquanto me sussurravas
Segredos de criança,
Só para nós dois
Pai, tu és o meu melhor amigo,
Brilhavam os teus olhos travessos,
Francos, de coração aberto,
Que me faziam recordar
A minha longínqua inocência,
Aquele outro mundo que existiu
Antes deste mundo em que existo
Num instante
Os teus olhos de primavera
Descobriram a minha alma
O teu sorriso livre
Preencheu os espaços
Magoados que me rodeiam
E tudo fez sentido
Naquele abraço apertado,
Enquanto me sorrias
Baixinho ao ouvido
Histórias de brincar
Finalmente entendi
A dor que sai do meu peito
Sempre que te beijo
Um adeus pela manhã
--HP
"O espaço onde pertenço está definido algures
Numa palavra que eu ainda não sonhei"