… E vamos na vida sem saber
o que ela nos reserva entretanto
muito temos nós aqui que colher
mesmo quando da terra vem o pranto.
A humildade é a madrinha de todos nós
sabermos semear para depois amanhar
nunca a vida nos deixa sós
e os frutos soltos iremos apanhar.
O trabalho compensa o esforço
quando este nos pertence e é nosso
sem haver de patrões o alvoroço
a criar-nos na vida um enorme fosso.
A terra é de quem a trabalhar
este é o apanágio que nos deve reger
quem com suas mãos cooperar
muitos anos de vida tem para viver.
A generosidade deve ser plena
entregarmo-nos à labuta diariamente
só assim dos outros não virá a pena
que nos dê pejo completamente.
Arraigados deitaremos ao chão a raiz
por vezes trabalhando dia e noite
traçaremos na terra a pau de giz
a seara ceifada como num açoite.
Rostos queimados pela luz solar
secam o suor com as costas da mão
bebem da água que os faz amenizar
e dizer sim ao cansado coração.
E sol nado e sol morto é deposto
com todos a voltar para casa
à procura de um belo encosto
para ver comodamente quem passa.
Jorge Humberto
21/05/11