Costumava pensar na vida.
Remoía e remoía sobre todos os pequenos pormenores,
Observava a panorâmica de todos os cantinhos onde me encontrasse.
Ás vezes, no meio de tanta observação,
Dava conta de uma formiga a trepar pelas paredes de um prédio sujo, no meio de uma cidade cinzenta e impessoal.
Outras vezes, olhava em frente e podia ver um rapazinho, parado, olhando fixamente para mim até que a mãe ou o pai prontamente lhe dissesse que era feio olhar para as pessoas.
Um dia, até disseram que olhar para as pessoas chama o papão, depois, na noite.
Eu pensava "Disparate! Que criança irá alguma vez acreditar nisso?". Mas acreditavam.
E eu lembrava-me que me tinha esquecido que um dia também fora criança.
Mesmo enquanto criança, gostava de observar.
Os meus pais diziam que era solitária, mas que me importava eu com isso?
Gostava era de observar o movimento, ou a pasmaceira, ou a vida comum e vulgar das pessoas comuns e vulgares.
Pois sim, aquilo é que eu gostava de fazer, ver as pessoas normais, e as ruas a partir de todos os cantinhos e de todos os becos e intersecções.
É, observar a vida (não) é um jogo divertido.
A poesia é a alma, a alma, somos nós, por conseguinte, nós somos poesia...
Imagem: Google Imagens