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Ouvir-te o pairar não posso
Nem mesmo com o olhar te alcanço
Reconheço-te o aroma de ostra fresca e inerme
Degustar-te o fino sabor?... Nem me lanço!
Sinto-te, não minto, sem captar-te a epiderme.

Temperas-me o percurso ensolarado
Aos aposentos sombrios adornas as ribadas
Anestesias-me, das batalhas, as sangradas
Teu pisar manso, salvado ao marolear das ondas,
Atenua da trupe os cascos e os clarins das rondas

Não te enxergo a face, não te ouço,
Não te espiro nem degusto-te o gosto
Mas me extasia a ausência do teu murmurinho,
Encanta-me o balançar mansinho,
Da traineira, em teus braços, mirando-te o rosto.

Quando estás, pesca, indolente, a gaivota,
Espreguiçando-se, o entardecer beija o crepúsculo,
Da densa noite só o estrelado se nota.
Em teu alvo manto, onde não vige derrota,
Se o poder não o amarrota, o penar faz-se minúsculo.

Porém, se presente não te encorpas,
Arquivas em reminiscências o de cor... Paz ausente.
Daí, tua falta te põe em alta e saltas às retinas...
Das tropas em marcha, o aulido ouço-te, plangente...
Ao desabrido das atitudes vais-te... declinas...

Vais-te e faz-se o ranger dos gonzos, dos ferros!
Envenenam-te, do ódio, da inveja e da vingança, as toxinas...
Aos quadrantes ouço-te os soluços e os berros.
Então, devoro-te o amargor da ausência,
Vislumbro-te no sol que já não iluminas.

Reconheço-te perdida, ferida... pura carência!
Recomeço a sonhar... novo raiar do peito arranco!
E então, refugiado no Amor, na “sua” essência
Sonho-te colorindo-me o breu com pétalas pequeninas
De azul, de luz e de branco... De branco do mais branco!


 
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Manito
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Enviado por Tópico
Ghost
Publicado: 19/05/2011 19:03  Atualizado: 19/05/2011 19:03
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Localidade: Lisboa, Portugal
Mensagens: 1820
 Re: Paz
Bonito poema. Abraços e Felicidades.

Enviado por Tópico
rosa-branca
Publicado: 20/05/2011 15:02  Atualizado: 20/05/2011 15:02
Colaborador
Usuário desde: 24/05/2010
Localidade:
Mensagens: 739
 Re: Paz
Meu amigo, desde muito nova sempre tive este defeito. Leio e releio seja o que for, pois quero perceber tudo e não errar nos pensamentos. Li e reli o seu poema e deixe que lhe diga, que senhor poema. Acho que até hoje, é o poema mais belo e realista sobre a paz, que eu li. Precisamos de paz sim...por dentro e por fora. Beijo com carinho e admiração.

Rosa-branca