Tenho saudades dos momentos que passava sozinha,
Só com uma folha de papel e uma caneta,
E conseguia escrever, horas a fio.
Simplesmente escrever, enquanto as palavras brotavam da minha mão como se sempre lá estivessem estado (quiçá?).
Tenho saudades de quando tinha tantas ideias que a minha letra se tornava ilegível, e era apenas um borrão de tinta, cujas palavras apenas eu entendia, tal não tinha sido o meu sentido e o meu sentimento ao escrevê-las. Meu Deus! Como sinto a falta dessa sensação.
Estive encurralada numa prisão alienada de palavras demasiado tempo.
Há quem diga que escrevo bem;
Já eu, digo que escrevo mal, porque não sou capaz de escrever bem.
Escrevo mal porque escrevo o que me vai na alma, e assim, sem ponderar, as minhas palavras podem sair desprovidas de sentido, ou então desprovidas de desprovidas de sentido, se é que me faço entender.
Escrevo só porque gosto do cheiro da tinta das esferográficas baratas da loja ali da esquina, e do som do papel enquanto a tinta perfura a sua virgem brancura e lisura.
Escrevo pelo prazer de sentir a escrita, que é uma coisa natural em mim.
Escrevo porque desabafar com objectos não serve, então desabafo comigo, no papel, para não falar sozinha.
A poesia é a alma, a alma, somos nós, por conseguinte, nós somos poesia...